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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico

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Trabalhar com portfólio implica saber assumir riscos: O primeiro deles é do portfólio reduzir-se a uma pasta em que se arquivam textos e se fazem registros de aulas; o portfólio pode ser considerado mais um dos modismos em educação; pode acontecer de o portfólio ser entendido como um simples “instrumento” de avaliação e não com um “procedimento” de avaliação. Segundo Ferreira (1999), instrumento diz respeito a “objeto, em geral mais simples do que o aparelho, e que serve de agente mecânico na execução de qualquer trabalho” e a “qualquer objeto considerado em sua função ou utilidade”. Procedimento diz respeito a “processo, método”. Portanto, procedimento é mais amplo do que instrumento, é parte do processo; ainda outro risco é o de professores e alunos oferecerem resistência inicial por entenderem que terão muito mais trabalho do que antes.

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Três aspectos justificam a adoção do portfólio em cursos de formação de professores: 1) a construção e o domínio dos sabres da docência; 2) a unicidade entre teoria e prática; 3)a autonomia.

O portfólio é um dos saberes a serem incorporados por futuros profissionais da educação, que, por meio dele, não apenas “estudam sobre avaliação”, como costumeiramente se faz, mas vivenciam práticas que poderão adotar nas escolas onde atuarão. Trabalha-se, assim, a teoria e a prática da avaliação numa perspectiva emancipatória.

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Klenowski (2000, p.221) relata alguns estudos conduzidos por alguns pesquisadores em curso de formação de professores sobre o uso do portfólio: Bull e Richter concluíram que o portfólio ajudou os professores a se tornarem mais reflexivo, principalmente porque, enquanto selecionavam os materiais a serem incluídos, eles pensavam sobre as atividades que desenvolviam com seus alunos e quão bem eles a realizavam, assim como analisavam se os materiais usados correspondiam aos objetivos do trabalho. Quando o conteúdo do portfólio era acompanhado por descrições reflexivas, comentam os mesmos autores, “a complexidade do ensino parecia captada”. (...) Klenowski afirma que a avaliação por meio de portfólio em cursos de formação de professores pode fortalecer a prática reflexiva. Nessa mesma linha de pensamento, Sá Chaves (1998) considera os portfólios como “(...) instrumentos de estimulação do pensamento reflexivo, providenciando oportunidades para documentar, registrar e estruturar os procedimentos e a própria aprendizagem, ao mesmo tempo em que, evidenciando para o próprio formando e para o formador os processos de auto-reflexão, permitem que este último aja em tempo útil para o formando, indicando novas pistas, abrindo novas hipóteses que facilitem as estratégias de autodirecionamento e de orientação, em síntese, de desenvolvimento.”

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Professora da Universidade de Algarve, em Portugal, Sousa afirma que nesse país e em outros não se pode garantir que a utilização de portfólios conduza, por si só, a uma avaliação autêntica, participativa e reflexiva. Contudo, as experiências já desenvolvidas em alguns países demonstram que eles podem influenciar positivamente as formas de ensinar, de aprender e de avaliar. Acrescenta a autora que o portfólio só poderá ser considerado como tal se for construído com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da autonomia do aluno.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico – Campinas, SP: Papirus, 2004. – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). 3ª edição

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